O DONO da MÁQUINA e seu HERDEIRO: KASSAB já escolheu seu CANDIDATO à PRESIDÊNCIA

Enquanto a falsa polarização distrai, um projeto de poder silencioso avança. Gilberto Kassab já escolheu o próximo gerente do estado. E ele não é quem você pensa.

As peças no tabuleiro político se movem. E os movimentos mais importantes raramente são os mais barulhentos. Recentemente, Gilberto Kassab, o presidente do PSD, fez um anúncio claro. Ele ungiu o governador do Paraná, Ratinho Júnior, como o candidato do partido à presidência em 2026. Para o observador desatento, isso parece apenas mais uma articulação política. Um nome de centro-direita sendo preparado para a disputa. Mas essa visão é perigosamente superficial.

O que estamos testemunhando não é uma simples candidatura. É o desvelar da próxima fase de um projeto de poder meticulosamente construído. Um projeto que visa consolidar uma nova forma de estatismo no país. Um estatismo mais sutil, gerencial e, por isso mesmo, muito mais perigoso. A ideia vendida é a de uma alternativa à esquerda. A realidade é a ascensão de um estatismo pragmático e corporativista. Ele se disfarça com as roupas da "eficiência" e da "responsabilidade fiscal". Mas por baixo, a máquina de controle estatal apenas se fortalece.

Este artigo vai desconstruir essa fachada. Primeiro, vamos analisar o arquiteto por trás do plano: Gilberto Kassab. Em seguida, sua criação mais refinada: Ratinho Júnior e seu chamado "Modelo Paraná". Por fim, vamos projetar as ambições nacionais dessa dupla, e a ameaça que eles representam para a liberdade individual de cada um de nós.

Para entender o jogo, é preciso entender o jogador principal. Gilberto Kassab não é um político com ideologia, ele é a personificação do poder pelo poder. Um operador cuja única lealdade é com a própria máquina política e sua perpetuação.

O PSD, fundado por ele em 2011, é a ferramenta perfeita para esse fim. Não se trata de um partido com princípios, é um "partido-máquina", uma espécie de holding de carreiras políticas. Seu único objetivo é estar perto do poder e do dinheiro dos impostos. O pragmatismo é sua marca registrada. Isso permite que o partido sirva a qualquer governo, de qualquer espectro, em troca de cargos e influência. Uma análise do portal PlatãoBR resumiu perfeitamente: o PSD "não é de esquerda, nem de direita, nem de centro. Só quer poder". Os números confirmam essa natureza. Um estudo mostrou que, entre 2012 e 2018, 34,5% dos deputados federais do partido foram investigados, processados ou condenados por crimes.

O próprio Kassab, ao descrever a fundação do partido, confessou sua agenda. Ele defendeu um "estado forte, regulador, democrático e centrado nas prioridades sociais". Isso é totalmente oposto a nossa visão libertária, pois é um chamado por mais controle, não menos. A genialidade de Kassab foi criar uma franquia para o estatismo. Políticos locais podem aderir à marca PSD sem amarras ideológicas. Em troca, ganham acesso a uma estrutura nacional e poder de barganha. É o modelo de negócios perfeito para a consolidação do poder.

A carreira de Kassab é a prova de sua total flexibilidade de princípios. Começou apoiando Guilherme Afif Domingos. Aliou-se ao prefeito Celso Pitta em São Paulo. Foi vice do tucano José Serra. Serviu como Ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff, do PT. Foi Ministro da Ciência e Tecnologia sob Michel Temer, do MDB. E hoje, é Secretário de Governo de Tarcísio de Freitas, um aliado de Jair Bolsonaro. Essa trajetória camaleônica mostra que sua posição é ditada apenas por quem detém o poder. Presidentes vêm e vão, Kassab permanece. Ele é o tecido conjuntivo da classe política. O intermediário que garante que a máquina estatal continue crescendo, não importa o rótulo do governante da vez.

Seu projeto de longo prazo não parece ser a presidência para si. Ele almeja o papel de "fazedor de reis". O homem que controla a máquina que elege os presidentes. Suas manobras são calculadas. Ele promove Ratinho Jr. como o plano A do PSD. Ao mesmo tempo, se mantém como aliado crucial de Tarcísio de Freitas. Não é uma contradição. São apostas paralelas para garantir que ele vença, não importa o resultado. Ele está gerenciando ativamente os principais nomes do campo da "direita". Com isso, garante que qualquer alternância de poder seja apenas uma troca de gerentes. O sistema estatista que ele nutre jamais será fundamentalmente desafiado.

Se Kassab é o arquiteto, Ratinho Júnior é sua obra-prima. O governo do Paraná é vendido como um modelo de gestão liberal. Uma análise mais atenta, no entanto, revela uma forma mais sofisticada de estatismo.

O programa de privatizações de Ratinho Jr. é um exemplo claro. Não se trata de um recuo do estado. É uma mudança de estratégia. O estado troca a propriedade direta por um modelo corporativista. Ele terceiriza seu poder de monopólio para empresas amigas. Socializa os riscos e privatiza os lucros.

O caso da Copel, a companhia de energia, é emblemático. A venda foi estruturada com uma cláusula de "pílula de veneno". Nenhum acionista pode ter mais de 10% do poder de voto. Isso não é livre mercado. É um mecanismo para impedir uma aquisição real, mantendo o controle nas mãos da gestão e do próprio estado. Após a "privatização", ocorreram demissões em massa. E a Copel se tornou uma das maiores beneficiárias de isenções fiscais do governo. A operação não visou beneficiar o consumidor, mas um grupo seleto.

O mesmo padrão se repete na educação. O programa "Parceiro da Escola" foi vendido como uma modernização. Na prática, era uma transferência de dinheiro de impostos para empresas de gestão privada. O estado continuaria financiando e regulando tudo. A esmagadora rejeição do projeto pelas comunidades escolares, que o viram como uma "negociata", mostra que a população percebeu a farsa. A defesa aberta de Ratinho Jr. das Parcerias Público-Privadas (PPPs) como doutrina de governo é a confissão de sua visão corporativista. Para um libertário, PPPs são a institucionalização do capitalismo de compadrio.

A narrativa da "eficiência" é uma armadilha. O estado é inerentemente ineficiente. Ratinho Jr. vende a ideia de que pode "consertar" o estado com boa gestão. Mas ao terceirizar funções sem abolir o monopólio estatal, ele não cria disciplina de mercado. Ele apenas cria uma nova classe de parasitas. Contratados cujo incentivo é extrair o máximo de dinheiro público. Essa narrativa legitima o estado, criando a ilusão de que ele pode ser reformado. A visão libertária é clara: o estado não pode ser consertado, apenas abolido.

A política fiscal de Ratinho Jr. é um truque de mágica. Ele combina cortes de impostos visíveis e populares com subsídios ocultos e massivos para os amigos do poder. A conta, como sempre, é paga pela população em geral.

A redução do IPVA foi amplamente divulgada. Serviu como uma cortina de fumaça para criar uma imagem de amigo do contribuinte. Por trás dela, a realidade é outra. O governo concedeu quase R$ 60 bilhões em renúncias fiscais em três anos. O dinheiro beneficiou principalmente um pequeno "Clube do CNPJ" de grandes corporações. O agronegócio foi o setor mais favorecido.

Enquanto os grandes empresários recebiam benefícios, o cidadão comum pagava a conta. A venda de ativos como a Copel deixou um buraco na receita do estado. Como ele foi preenchido? Com o aumento da alíquota geral do ICMS, o imposto sobre o consumo que mais penaliza os pobres. O próprio secretário da Fazenda do estado admitiu que a "saúde financeira" do Paraná depende dessa arrecadação crescente de impostos sobre a população.

A retórica de Ratinho Jr. é calculada para enganar. Ele critica a falta de "preocupação fiscal" do governo federal. Mas sua própria gestão depende de aumento de impostos e bem-estar corporativo. Ele diz que a população está "cansada do extremismo e da briga ideológica". Essa é a manobra clássica do estatista de centro. O objetivo é enquadrar o debate como uma luta entre "gestores razoáveis" como ele e "extremistas". Nessa categoria de extremistas, ele coloca tanto a esquerda radical quanto os defensores da liberdade. Assim, ele marginaliza qualquer crítica fundamental ao poder do estado.

A estratégia para 2026 está clara e é uma conspiração aberta. Ratinho Jr. e Kassab planejam lançar múltiplos governadores de "centro-direita" no primeiro turno. Nomes como ele, Tarcísio, Zema e Caiado. Haveria um pacto de união no segundo turno. Isso é uma tática de cartel aplicada à política. O objetivo é saturar o mercado com candidatos "aprovados" pelo sistema. Impede que um verdadeiro outsider ganhe força. Garante que o vencedor final seja sempre um membro do clube.

Essa estratégia funciona como uma vacina contra ideias de liberdade. Muitos eleitores, insatisfeitos com a esquerda, buscam uma alternativa. A máquina de Kassab oferece uma prateleira de candidatos que parecem diferentes, mas compartilham as mesmas premissas estatistas. O eleitor é levado a crer que está fazendo uma escolha real por "menos governo". Na verdade, ele está apenas escolhendo um novo gerente para a mesma estrutura de poder. A mudança é uma ilusão.

Uma presidência de Ratinho Jr. significaria a nacionalização do "Modelo Paraná". Não seria uma revolução liberal. Seria a consolidação de um estado corporativista, centralizado e disfarçado com a linguagem da gestão moderna. Veríamos um programa nacional de "privatizações" que criam monopólios para amigos do poder. Veríamos cortes de impostos simbólicos para a classe média, e benefícios fiscais massivos para indústrias favorecidas. E um discurso constante de "pragmatismo" para silenciar qualquer oposição real.

O eixo Kassab-Ratinho é a evolução natural de um sistema político sem princípios. Kassab é o operador da máquina. Ratinho Jr. é seu produto mais vendável e moderno. Eles não são uma alternativa ao estado. Eles são sua versão mais avançada e enganosa.

O alerta final para todos que defendem a liberdade é este: a tentação do "mal menor" é uma armadilha. A esperança de que um salvador "liberal" virá de dentro do sistema político é um erro fatal. Figuras como Ratinho Jr. são mais perigosas que os socialistas declarados. O veneno estatista que eles oferecem é revestido com o açúcar da retórica de livre mercado.

A verdadeira liberdade não virá da eleição de um gerente mais eficiente para a máquina estatal. Ela virá de sua deslegitimação, de seu enfraquecimento e, finalmente, de seu desmantelamento. A tarefa não é escolher o próximo presidente. É convencer nossos vizinhos de que a própria presidência é uma instituição ilegítima e imoral.

Referências:

https://www.brasildefato.com.br/2024/12/10/projeto-de-ratinho-jr-para-privatizar-177-escolas-tem-derrota-em-consulta-publica-no-pr/
https://www.cnnbrasil.com.br/politica/ratinho-jr-a-cnn-sem-preocupacao-fiscal-governo-lula-afugenta-investidores/
https://www.brasildefato.com.br/2025/04/23/ratinho-junior-psd-deixou-de-arrecadar-quase-r-60-bilhoes-em-renuncias-fiscais/
https://www.brasildefato.com.br/2025/03/07/ratinho-vende-patrimonio-do-parana-e-depende-de-impostos-para-arrecadar/
https://platobr.com.br/os-fantasmas-de-gilberto-kassab
https://www.ratinhojunior.com.br/
https://www.brasildefato.com.br/2024/12/10/projeto-de-ratinho-jr-para-privatizar-177-escolas-tem-derrota-em-consulta-publica-no-pr/