Analfabetismo funcional atinge 3 a cada 10 brasileiros. O que fazer diante do fracasso?

Com quase 30% de analfabetos funcionais, o Brasil se afunda em ignorância. Mas seria a culpa dos governos anteriores, falta de investimento em educação, ou será que educar de verdade nunca foi a intenção do Estado?

Em pleno ano de 2025, o Brasil ainda convive com um cenário educacional alarmante: três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Esse dado, revelado pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), publicado no dia 5 de maio, evidencia que 29% da população economicamente ativa do país não é capaz de compreender plenamente o que lê, interpretar textos simples ou resolver operações matemáticas básicas. E o mais espantoso: este número é o mesmo de 2018. Em outras palavras, em seis anos o país não avançou absolutamente nada no combate ao analfabetismo funcional — um retrato fiel do estancamento crônico da educação brasileira, num país que ficou anos e anos sob o controle do Partido dos Trabalhadores.
O estudo foi realizado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, com apoio de instituições como Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef. Foram aplicados testes entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 em todas as regiões do país, abrangendo 2.554 pessoas. A margem de erro varia entre dois e três pontos percentuais, o que não muda o diagnóstico geral: o analfabetismo funcional permanece como uma das chagas mais profundas da sociedade brasileira.
Para entender melhor o que os números representam, é preciso compreender o conceito de analfabetismo funcional. Diferente do analfabetismo absoluto — no qual a pessoa não sabe ler ou escrever uma única palavra —, o funcional refere-se àqueles indivíduos que até conseguem decodificar palavras isoladas ou ler frases simples, mas não conseguem extrair sentido de um texto minimamente complexo. Essas pessoas também não conseguem interpretar informações de um gráfico, muito menos resolver uma questão matemática com porcentagem, fração ou raciocínio lógico. Esse panorama é desolador quando se considera que a maioria da população adulta do país não é plenamente capaz de ler e compreender textos, interpretar contratos, calcular corretamente um desconto ou entender um manual de instruções.
Um dos dados mais espantosos do levantamento está no recorte por faixa etária. Entre os jovens de 15 a 29 anos, a taxa de analfabetismo funcional cresceu de 14% em 2018 para 16% em 2024. O resultado é atribuído por especialistas à pandemia de Covid-19, que teve como consequência a adoção de políticas de fechamento prolongado das escolas, interrompendo processos educacionais fundamentais, além de contato social entre alunos. Infelizmente, não foi só a economia que ficou para depois, e os engenheiros sociais de plantão, que acharam que o fecha-tudo seria a grande solução, esqueceram das crianças e daqueles que precisam trabalhar para sobreviver. O resultado foi uma tragédia sem precedentes, ou melhor, uma tragédia que se iguala a gestão da ex-presidente Dilma, a estocadora de ventos.
Outro dado que salta aos olhos é o de que 12% das pessoas com ensino superior ou mais são consideradas analfabetas funcionais. Isso mesmo: um em cada oito universitários ou graduados não consegue interpretar corretamente textos, ou realizar operações matemáticas simples. Esse número derruba completamente a ideia de que ter diploma é sinônimo de competência ou preparo intelectual. O que se vê, cada vez mais, é a proliferação de faculdades de baixa qualidade, muitas vezes mantidas com subsídios públicos ou financiamentos estatais, que entregam diplomas, mas não entregam conhecimento e evitam reprovar os péssimos estudantes. Lembre disso na próxima vez que estiver diante de um profissional com "ensino superior", como um médico, engenheiro ou advogado: há uma chance em oito de você estar diante de um analfabeto funcional!
Já em questão de diferenças entre raças e grupos sociais, o estudo afirma que, entre os brancos, 41% estão no nível de alfabetismo consolidado, contra apenas 31% dos pretos e pardos. Entre indígenas e amarelos, a situação é ainda pior: apenas 19% alcançam os níveis mais altos. Esses dados são usados como justificativa para defender mais políticas públicas, também conhecidas como ações afirmativas, e outras medidas consideradas inclusivas, bem como mais investimentos estatais em educação. Se lembrarmos que as cotas raciais no Brasil surgiram há 20 anos, o próprio histórico mostra que tais políticas, apesar de já serem aplicadas há décadas, têm resultados pífios. E sabemos que o Ministério da Educação custa muito dinheiro para o pouco que entrega em termos de resultados, e que esta instituição é controlada por políticos e influenciada por interesses sindicais.
Outro aspecto abordado é o impacto do contexto digital sobre a alfabetização. Pela primeira vez, o levantamento avaliou como as transformações tecnológicas interferem no cotidiano das pessoas e nas exigências por novas formas de letramento. Em um mundo onde a inteligência artificial, redes sociais, e a comunicação em tempo real exigem cada vez mais capacidade crítica e interpretação ágil de textos e dados, o Brasil continua preso a um modelo de ensino retrógrado, engessado e padronizado.
E qual foi solução proposta? A coordenadora do Observatório Fundação Itaú, Esmeralda Macana, destaca que a educação precisa ganhar mais ritmo e qualidade para se adequar a um ambiente em constante transformação. Ela ressalta a necessidade de garantir que crianças e jovens tenham acesso ao aprendizado adequado para suas idades e que o ensino fundamental seja realmente eficaz. Apesar de apontar as mudanças rápidas no contexto digital, sua solução parece algo bastante genérica, sem especificar melhor que tipo de alternativa e política poderiam ser adotadas.
Infelizmente, a análise da coordenadora acaba por insistir no erro ao defender mais do mesmo: mais políticas públicas, mais centralização, mais do velho modelo estatal que custa caro e não tem incentivos para funcionar. Será que é mesmo essa a resposta correta para os problemas de formação e aprendizagem do povo brasileiro?
Mesmo com o aumento de verbas, com leis que obrigam a presença escolar e com tentativas de implementar novas diretrizes curriculares, o sistema não avança — e parece haver algo de muito errado nessa abordagem. Após décadas de promessas, planos educacionais, reformas curriculares, aumento de verbas e campanhas governamentais, ainda temos cerca de um terço da população composta por analfabetos funcionais, o que é uma vergonha, considerando que estamos em pleno século XXI.
A estagnação dos indicadores, mesmo com todos os recursos despejados pelo Estado ao longo das últimas gerações, revela o que qualquer cidadão atento já sabe: o Estado brasileiro não quer melhorar nada e utiliza o sistema de ensino para ter mais acesso ao nosso dinheiro. Os políticos nunca demonstraram interesse real em formar cidadãos críticos, independentes e capazes de pensar por si mesmos — pessoas que consigam prosperar no mercado e melhorar de vida. O que eles desejam são indivíduos dependentes de políticas públicas, e isso já está claro como um projeto de poder muito bem elaborado por parte da elite.
Portanto, o problema do analfabetismo funcional não é meramente técnico, mas estrutural e político. A escola pública brasileira foi sequestrada por uma lógica burocrática, sindicalizada e ideológica, na qual o aprendizado do aluno é irrelevante, contanto que o orçamento continue crescendo e os militantes travestidos de professores mantenham seu feudo intocado. O importante é manter a aparência de funcionamento — com prédios, livros didáticos, provas, formaturas e estatísticas manipuladas.
Em vez de preparar o aluno para interpretar o mundo real e agir nele com autonomia, adaptando-se ao mercado de trabalho, o ensino estatal quase sempre se limita a despejar conteúdos desconexos e ultrapassados. O que se exige no sistema público limita-se à memorização de fórmulas e à leitura de obras obrigatórias com pouca ou nenhuma relevância prática.
Diante desse contexto, não é surpresa que tenhamos uma geração inteira de jovens que não consegue explicar o que é inflação ou juros compostos, mas sabe repetir slogans contra a “opressão do mercado” e pregar “resistência anticapitalista” com base em panfletos de esquerda. Essas pessoas nem sequer aprendem coisas fundamentais, como primeiros socorros, ou a usar o Excel e o PowerPoint — quanto mais idiomas importantes, como o inglês.
O Leviatã estatal não apenas falha em alfabetizar, como também sabota deliberadamente a formação intelectual de seus cidadãos, tornando-os praticamente inúteis aos olhos dos empregadores.
E a verdadeira razão pela qual o ente estatal e sua elite espúria insistem em manter o monopólio sobre a educação é simples: controle. Um povo que pensa pouco e entende menos ainda é muito mais fácil de manipular. O analfabetismo funcional é funcional, sim — mas não para o cidadão, e sim para o Estado. Um trabalhador que não sabe calcular impostos não perceberá o roubo tributário diário ao qual está submetido e nem entenderá o quanto sua moeda foi desvalorizada ao longo dos anos. O analfabeto funcional é o eleitor ideal para qualquer governo autoritário, populista ou corrupto.
Mas se não é com mais investimento em educação, então, como podemos resolver este problema?
A única solução genuína e duradoura para melhorar a formação das crianças e adolescentes no Brasil é a privatização completa do ensino. Isso significa romper de vez com o modelo de educação estatal obrigatória, homogênea e controlada por políticos, sindicatos e burocratas. Significa devolver aos pais, alunos e professores o poder de escolha sobre o que, como, onde e com quem aprender. Precisamos permitir que o mercado traga diversidade e soluções práticas que atendam demandas reais da sociedade e do mercado.
Na verdade, privatizar não é “entregar para empresários”, como dizem os inimigos do livre mercado, que apenas se beneficiam do sistema atual. Privatizar é permitir que surjam milhares de modelos diferentes de escola, de currículos, de métodos pedagógicos, de abordagens culturais e filosóficas. É permitir que a educação se adapte às necessidades reais das pessoas, e não a metas artificiais impostas por tecnocratas de Brasília. É permitir também que as famílias escolham se querem uma escola com foco em ciência e tecnologia, em humanidades clássicas, artes, religião, empreendedorismo, ou mesmo o homeschooling.
A privatização verdadeira também elimina a ideia absurda de que educação “gratuita” é direito universal garantido pelo Estado. Não existe almoço grátis, e muito menos educação gratuita. A escola pública é sustentada por impostos — e impostos são recursos retirados à força do cidadão. 
Mas e os pobres, como ficam? E aqueles que não puderem pagar a educação privada? Privatizar o ensino não seria o mesmo que proibir os pobres de terem acesso à educação?
Tal crítica ignora completamente a realidade do mercado e da sociedade civil. Primeiro, porque já existem milhares de iniciativas privadas, comunitárias e filantrópicas que oferecem ensino gratuito ou subsidiado a famílias de baixa renda — e o fazem com resultados muito superiores ao da escola pública. Segundo, porque, uma vez eliminada a carga tributária dedicada à educação estatal, as famílias teriam mais recursos próprios para escolher onde e como educar seus filhos. Terceiro, porque num mercado competitivo, os preços caem, a inovação cresce, e a qualidade se torna fator decisivo de sobrevivência.
A experiência internacional mostra que vouchers educacionais, parcerias público privadas, e até mesmo modelos de “charter schools” (escolas com autonomia de gestão e financiamento por resultados) funcionam muito melhor do que o sistema estatal centralizado como o adotado no Brasil. Mas nós, libertários, vamos além: defendemos o fim completo da interferência do Estado e suas políticas públicas, inclusive nos currículos, na certificação e na obrigatoriedade de escolarização. A verdadeira liberdade educacional significa também reconhecer que cada família pode decidir como educar seus filhos — inclusive fora da escola, se desejar. E sabemos que qualquer interferência estatal contamina completamente a autonomia das escolas e das famílias em buscar o melhor para os alunos, afinal, nunca se sabe quem será o próximo presidente e quais políticas ele irá adotar.
Porém, devemos lembrar que, embora a privatização da educação seja a solução estrutural necessária, cada cidadão é, em última instância, responsável por sua própria formação intelectual. Em um país onde até mesmo universitários não compreendem o que leem, é um ato revolucionário pegar um livro, estudar por conta própria, buscar fontes alternativas e questionar narrativas prontas e simplistas. Ler mais, estudar mais e refletir criticamente sobre o mundo são atos de resistência contra o conformismo estatal. Enquanto a elite estatal se esforça para manter o povo ignorante, quem busca conhecimento por vontade própria está desafiando todo o sistema - essa é a verdadeira revolução, sair da estagnação e aprender a pensar, buscando a verdade.
Na educação básica, a leitura deve ser incentivada não apenas como obrigação escolar, visando boas notas, mas como prática de liberdade. É preciso abandonar o modelo em que livros são impostos por professores entediados e substituí-lo por uma cultura de aprendizado livre, curioso, apaixonado. Incentivar clubes de leitura, bibliotecas comunitárias, plataformas online de ensino, redes de apoio a leitores — tudo isso deve surgir da sociedade civil, sem depender do Estado.
A verdadeira revolução educacional começa com uma decisão simples, mas poderosa: nunca mais depender do Estado para aprender.


Referências:

https://educacao.uol.com.br/noticias/2025/05/05/estagnado-brasil-tem-29-de-analfabetos-funcionais-pandemia-piorou-quadro.htm
https://educacao.uol.com.br/noticias/2025/05/05/o-que-e-analfabetismo-funcional.htm
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2025-05/tres-cada-10-brasileiros-sao-analfabetos-funcionais-0