Menos alunos, mais professores: o absurdo da educação estatal brasileira

Mesmo com queda nas matrículas da educação básica, o número de professores bate recorde. A conta não fecha — a não ser que o objetivo seja sustentar uma máquina inchada e improdutiva às custas do pagador de impostos.

O Censo Escolar 2024 escancarou mais uma vez o que qualquer pessoa que já passou pela escola sabe: o sistema estatal de ensino é uma fábrica de desperdício. Enquanto o número de alunos na educação básica encolheu, o total de professores disparou, atingindo o maior patamar da história. Em outras palavras, temos menos gente aprendendo e mais gente sendo paga — com dinheiro público — para não gerar resultado.

Segundo os dados divulgados pelo Inep, houve uma redução de 2,2% nas matrículas da educação básica, totalizando 46,3 milhões de estudantes. Ao mesmo tempo, o número de professores cresceu 1,1%, atingindo a marca de 2,2 milhões. Uma contradição bizarra, mas em se tratando de Brasil, nem um pouco surpreendente. Afinal, é evidente que o que move a engrenagem da educação pública brasileira não é o interesse do aluno, e sim a preservação de uma máquina burocrática obesa, que opera em função própria.

Muito se fala que é necessário investir mais em educação, mas os números revelam que a prioridade é a doutrinação ideológica e o emprego de professores, não a melhoria da qualidade de ensino. Investir mais em educação será como colocar água em um balde furado, enquanto este modelo pervertido não for corrigido. Não é que o sistema educacional brasileiro não funciona - é que ele funciona para seu objetivo real, e o estudante é só mais um peão neste jogo, não o objetivo final.

A elite estatal tenta disfarçar o vexame com manchetes de impacto: o ensino médio integral cresceu 12,2%, eles anunciam com pompa. Mas o que isso significa, na prática? Apenas que mais jovens estão sendo mantidos por mais tempo em escolas públicas que não ensinam. É a ilusão do “tempo integral” como solução mágica, quando o verdadeiro problema é de conteúdo, gestão e liberdade. Prolongar a permanência de estudantes em ambientes de ensino precário é apenas esticar a agonia — e ampliar o custo.

Do que adianta passar o dia na escola, quando aprender coisas úteis para o mercado de trabalho é visto como "mercantilização da educação", e a "formação crítica" que eles dizem ensinar não passa de marxismo, uma ideologia ultrapassada há dois séculos? A verdadeira religião da esquerda, um dogma que já foi refutado não só no campo teórico mas pela pura realidade - para que lado as pessoas correram quando o Muro de Berlim foi derrubado? Mesmo assim, quem questiona é fascista, e a teoria crítica que eles dizem ensinar, ironicamente, não aceita ser questionada.

Nada disso, porém, parece incomodar os burocratas de Brasília. O ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que “o maior desafio do Brasil é a educação básica”. Não está errado. Hoje o aluno brasileiro médio se forma analfabeto funcional e depois entra na Universidade por cota, uma solução que prometia ser temporária mas, como bem disse Milton Friedman, "nada é tão permanente quanto um programa temporário do governo". As cotas vieram para ficar, tentando remediar sem sucesso, há mais de 20 anos, um problema que vem da base educacional.

O que o ministro omite é o fato de que esse problema na educação básica foi criado e é perpetuado justamente pelo estado. Décadas de centralização, aparelhamento ideológico, currículos irrelevantes e desprezo pela eficiência levaram a essa tragédia anunciada. E agora tentam nos vender como avanço o crescimento de um modelo que já se mostrou falido. É mais uma vez o estado vendendo a solução para o problema que ele mesmo causou - e te cobrando caro por isso. E é claro que, se foi o estado que causou o problema, não é mais estado que vai resolver.

Os professores, por sua vez, não são os vilões — mas também não são as vítimas inocentes da história. Estão presos em um ciclo de doutrinação e privilégios, que continuam a perpetuar. Conforme foram ensinados por décadas de ensino estatal, começando na escola e indo até a Universidade, assim também ensinam seus alunos. A maioria dos profissionais da rede pública atua sob proteção sindical, com estabilidade vitalícia, sem qualquer avaliação séria de desempenho.

A meritocracia inexiste. O salário, ainda que muitas vezes modesto, é garantido religiosamente, independentemente da qualidade da aula, do engajamento ou do resultado. Quem é que nunca teve professor que mal aparece para dar aula? Professor que só defende sua ideologia e não admite questionamento? Professor que não domina o conteúdo, ou não atualiza seu conhecimento, repetindo a mesma ladainha defasada que aprendeu quando ele se formou, 30 anos atrás? A educação pública virou um grande cartório: você entra e nunca mais sai, não importa o quão ruim seja seu serviço.

Ao mesmo tempo, gestores e políticos seguem repetindo o mantra da “valorização dos profissionais da educação” — que, na prática, significa apenas reajustes salariais automáticos, novos cargos comissionados e concursos públicos para manter a máquina funcionando. Nada de inovação, nada de alternativas, nada de incentivo à excelência. O sistema é feito para manter tudo exatamente como está. Quem tenta mudar vira inimigo do “projeto pedagógico nacional”.

É claro que esse modelo produz exatamente os resultados que vemos hoje: evasão escolar, baixo desempenho em avaliações internacionais, analfabetismo funcional, desmotivação dos alunos e falta de perspectiva para milhões de jovens. É difícil dizer quem acaba pior: quem foge da escola e fica excluído da educação formal, ou os que se submetem a anos de doutrinação e terminam desempregados e frustrados depois de todo seu esforço. Todo mundo se dá mal. Os únicos que seguem intocáveis são os burocratas estatais. E cada nova crise é usada como pretexto para aumentar ainda mais os gastos. Afinal, se a educação está ruim, é só pedir mais investimento, certo? E assim, a educação vai continuar sempre ruim. O fracasso no setor público sempre gera uma única resposta: mais estado. Se mais verba é dada para "quem precisa", então a educação sempre vai precisar.

O modelo atual desincentiva qualquer tentativa de gestão racional. Mesmo com menos alunos, as escolas continuam contratando como se vivessem um boom populacional. Qual empresa privada manteria uma equipe maior atendendo um número menor de clientes? Nenhuma. O correto seria seguir o bom senso: corte de gastos. Mas o estado pode, porque não depende da satisfação do cliente — e sim do dinheiro do contribuinte. Afinal o estado não gasta o próprio dinheiro, pois o estado não produz nada. Ele gasta o seu, o nosso!

Esse descolamento da realidade é agravado por um discurso ideológico que sequestrou a pauta da educação. Em vez de debater resultados, avaliam-se intenções. Em vez de falar sobre alfabetização, fala-se sobre “educação antirracista” e “formação cidadã”. Em vez de ensinar português e matemática, ensinam militância. A sala de aula virou espaço para doutrinação, e não para formação e capacitação.

O crescimento do número de professores, nesse contexto, não representa melhoria — representa inchaço. Estamos multiplicando profissionais para manter um sistema improdutivo. Isso se reflete também no aumento de funcionários técnicos e administrativos, muitos dos quais com funções redundantes ou irrelevantes, ocupando espaços que poderiam ser otimizados ou simplesmente eliminados. É muito aspone e subsecretário do departamento de estudos de gênero e descolonização para sustentar.

E quem paga essa conta? Você, trabalhador. Você que acorda cedo, paga impostos escorchantes e, na hora de matricular o filho numa escola, fica entre a cruz e espada: suas escolhas são o ensino gratuito e péssimo do estado ou um colégio particular caro, que a mensalidade custa mais caro que o orçamento inteiro da maioria das famílias brasileiras, e que ainda assim vai ser regulado pelo MEC e mais adiante seu filho vai acabar na Universidade pública. É um sistema que pune o mérito e recompensa a mediocridade.

A única saída real para esse caos é romper com o monopólio estatal da educação. Isso significa defender a privatização do ensino, a expansão do modelo de ensino a distância e a remoção de burocracias e proibições ao livre mercado na educação, para que empoderem os pais e coloquem a escolha nas mãos das famílias — e não nas mãos do governo.

Países que adotaram políticas assim colhem os frutos: maior diversidade de métodos de ensino, escolas competindo por alunos, professores sendo premiados por desempenho e, o mais importante, alunos aprendendo de verdade. Quando a verba acompanha o aluno e não a instituição, a lógica se inverte: a escola precisa conquistar sua permanência, e não apenas sobreviver por ser pública.

No Brasil, no entanto, seguimos apegados ao fetiche da “escola pública universal e gratuita”, como se isso fosse garantia de alguma coisa. A realidade mostra o contrário: universalizamos o acesso, mas não o aprendizado. Tornamos a educação um direito no papel, mas uma farsa na prática. E continuamos despejando bilhões de reais todos os anos para sustentar essa encenação.

O Censo Escolar 2024 deveria servir de alerta, mas será apenas mais um dado ignorado. A redução nas matrículas reflete o descrédito da população com a escola pública. E o aumento no número de professores mostra que o sistema vive em outro mundo — um mundo onde menos demanda gera mais contratações.

Mas para quem vive de Brasília, tudo está indo bem. Afinal, os salários estão em dia, os cargos continuam existindo, e as manchetes seguem elogiando o “esforço pela inclusão”. Só quem está excluído é o aluno. E, no fim das contas, é a educação que fica para trás.

Referências:

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/censo-escolar-2024-ensino-medio-integral-cresce-12-e-numero-de-professores-e-recorde,2c66be75ed5dbab7c1e1eb7ca0e3c5d585adptly.html

https://www.poder360.com.br/poder-governo/maior-desafio-do-brasil-e-a-educacao-basica-diz-ministro/

https://noticias.r7.com/jr-na-tv/censo-escolar-2024-aponta-reducao-nas-matriculas-na-educacao-basica-10042025/