MILEI Promete FIM DA INFLAÇÃO na Argentina, Mas Sindicatos REAGEM contra suas ações

Javier Milei, o presidente daquele país que estatistas chamam de Argentina, declara guerra à inflação e promete um futuro próspero. Mas a fúria sindical e a dura realidade dos cortes testam seus planos.

Aquele país que estatistas insistem em chamar de Argentina vive, mais uma vez, um drama econômico com contornos épicos. De um lado, o presidente Javier Milei, com sua retórica inflamada e uma motosserra simbólica, proclama que seu governo é "o melhor da história". Ele ainda crava uma data para o fim da inflação: meados de 2026. Uma promessa ousada, considerando o histórico de hiperinflação e descontrole monetário que assombra a nação há décadas.

Do outro lado do ringue, temos a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior e mais poderosa central sindical argentina. Na véspera do Dia do Trabalhador, um feriado ironicamente criado para celebrar o trabalho, mas frequentemente usado para defender privilégios estatais, a CGT mobilizou milhares. O objetivo? Rejeitar as políticas de austeridade de Milei. Os sindicatos, sempre eles, bradam que os cortes – a famosa "motosserra" – estão deixando milhões em dificuldades, deteriorando a renda dos trabalhadores e dos desempregados.

Vamos analisar os fatos sob uma ótica libertária, que preza pela liberdade individual, mercados livres e um estado mínimo, ou idealmente, inexistente.

Milei acerta em cheio ao identificar a inflação como um dos maiores inimigos. Para qualquer libertário, a inflação nada mais é do que um imposto oculto, uma forma covarde do estado roubar o poder de compra da população. Ao imprimir moeda sem lastro para financiar seus gastos nababescos e sua máquina inchada, o estado dilui o valor do dinheiro que está no bolso do cidadão. É um confisco disfarçado, uma traição à confiança pública.

A promessa de acabar com a inflação é música para os ouvidos de quem entende que a estabilidade monetária é crucial para o planejamento individual, para o investimento e para a prosperidade. Milei fala em "estabilização concluída" e na remoção parcial dos controles cambiais, que na Argentina é conhecido como "cepo". O "cepo" é uma aberração econômica, uma camisa de força imposta pelo estado que impede a livre circulação de capital e distorce violentamente os preços relativos. Sua eliminação, mesmo que parcial, é um passo na direção correta, rumo à liberdade econômica.

O presidente também celebrou um acordo de 20 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Aqui, a visão libertária pode ser um pouco mais cética. O FMI, embora possa impor certas condicionalidades de ajuste fiscal, é também uma instituição que perpetua o ciclo de endividamento estatal, muitas vezes socializando prejuízos de governos irresponsáveis. A verdadeira solução não está em mais empréstimos, mas em cortar radicalmente o Leviatã estatal.

A grande questão sobre a "motosserra" de Milei é: o que ela está realmente cortando? Para os libertários, a redução do gasto público é sempre bem-vinda, desde que signifique uma diminuição real do tamanho e do escopo do estado. Cortar subsídios ineficientes, eliminar ministérios inúteis, privatizar estatais cabides de emprego – tudo isso soa como música. Segundo dados do IARAF, os gastos públicos foram reduzidos em 4,7% do PIB. Milei celebra uma "redução de 30% no tamanho do estado". São números que, se confirmados e sustentados, representam um avanço.

No entanto, é preciso cautela. A "austeridade" pode, por vezes, ser apenas um rearranjo de despesas, onde o estado continua grande e opressor, apenas gastando de forma diferente. A verdadeira liberdade surge quando o estado deixa de interferir na vida das pessoas e na economia, permitindo que as trocas voluntárias e a livre iniciativa floresçam.

E os sindicatos? A CGT e outros grupos reclamam que "o governo não atende às queixas, não escuta nem dialoga". Eles se queixam da "grave austeridade cujo custo está sendo pago por trabalhadores e desempregados". É a velha cantilena de sempre.

Na perspectiva libertária, sindicatos podem ser associações voluntárias de trabalhadores. Não há nada de errado nisso. O problema surge quando esses sindicatos se tornam braços políticos, com poder de coerção garantido pelo estado, impondo greves que paralisam serviços essenciais, exigindo aumentos salariais acima da produtividade (o que gera desemprego ou inflação) e defendendo legislações trabalhistas engessadas que mais protegem quem já está empregado do que abrem portas para quem está fora.

Muitas vezes, o que os sindicatos chamam de "direitos dos trabalhadores" são, na verdade, privilégios custeados por toda a sociedade, incluindo os próprios trabalhadores não sindicalizados e os consumidores. A "deterioração da renda" que eles alegam, pode ser, em grande parte, o resultado de décadas de políticas inflacionárias e de um ambiente de negócios hostil, sufocado por impostos e regulações. O governo Milei, ao tentar colocar um teto de 1% nos reajustes salariais em negociações coletivas para conter a inflação, está, na prática, tentando quebrar a espiral inflacionária alimentada por expectativas e repasses automáticos. É uma medida dura, mas pode ser um remédio amargo necessário após anos de populismo fiscal.

Um padre, durante o protesto da CGT, denunciou "salários indecentes" e "falta de empregos", afirmando que em bairros de baixa renda "o vácuo deixado pelo estado é um espaço preenchido por narcos". Essa é uma meia verdade perigosa.

Primeiro, "salários indecentes" e "falta de empregos" são, em grande medida, consequências diretas da intervenção estatal na economia. Impostos altos, burocracia, leis trabalhistas rígidas e inflação destroem o capital, desencorajam o investimento e tornam a contratação um pesadelo caro e arriscado. A liberdade econômica é o melhor programa social que existe.

Segundo, a ideia de que o "vácuo do estado" é preenchido por criminosos ignora que, muitas vezes, é a própria ação ou omissão corrupta do estado que permite o florescimento do crime organizado. Além disso, a proibição de certas atividades (como o comércio de drogas) cria mercados negros altamente lucrativos, que seriam naturalmente ocupados por atividades lícitas e pacíficas em um ambiente de maior liberdade. O estado, ao se arvorar como provedor de tudo, falha miseravelmente e ainda cria as condições para o surgimento de alternativas ilegais.

Milei, em seu discurso, teria zombado daqueles que "choram sobre questões sociais". Essa postura pode parecer insensível, mas, sob uma ótica libertária, pode ser interpretada como um repúdio à exploração demagógica da pobreza para justificar mais estado e mais controle. A verdadeira compaixão não é prometer o que não se pode entregar com o dinheiro alheio, mas criar as condições para que cada indivíduo possa prosperar por seus próprios méritos e através de trocas voluntárias.

A situação na Argentina é um laboratório fascinante. Milei, com sua retórica libertária (ou ao menos, liberal clássica em muitos aspectos), representa uma ruptura significativa com o peronismo e outras formas de estatismo que dominaram o país. Suas intenções de domar a inflação, reduzir o estado e liberar as forças do mercado são, em princípio, louváveis do ponto de vista da liberdade.

Contudo, o caminho é árduo. A resistência de grupos de interesse acostumados às tetas do estado, como os sindicatos corporativistas, será imensa. A pressão popular, insuflada por décadas de mentalidade dependente de benesses estatais, também. As 14 prisões durante os protestos e a retenção de ônibus de manifestantes mostram que o conflito está apenas começando.

Para os libertários, a vigilância é constante. Milei é um político, e políticos, por natureza, operam dentro do sistema estatal e buscam poder. A questão crucial é se a "motosserra" será usada para realmente diminuir o Leviatã e devolver poder ao indivíduo, ou se será apenas uma ferramenta para trocar um grupo de parasitas públicos por outro, mantendo a estrutura de opressão intacta.

A promessa de fim da inflação até 2026 é um farol. Se alcançada através de disciplina fiscal genuína, liberdade monetária e encolhimento drástico do estado, será uma vitória para os argentinos e um exemplo para o mundo. Se for apenas mais uma manipulação estatística ou um voo de galinha antes de novas crises, será a confirmação de que o caminho para a liberdade é muito mais longo e exige mais do que discursos inflamados. Exige uma mudança fundamental na mentalidade coletivista. A batalha na Argentina não é apenas econômica; é, acima de tudo, uma batalha de ideias. E os libertários estarão observando cada movimento.

Referências:

https://www.batimes.com.ar/news/argentina/milei-sets-end-of-inflation-timeline-amid-union-unrest.phtml