As lições de "A arte da Negociação", livro que ENSINA as TÁTICAS de Donald Trump

Após o antigo livro "A Arte da Guerra" se tornar popular nos dias de hoje, muita gente que se vê como "o novo César" quis criar suas próprias versões. Vamos ver se Trump está realmente aplicando as lições do seu livro: "A Arte da

O livro com o nome de "Art of the Deal", ou "A Arte da Negociação", em português, foi publicado há bastante tempo, em 1987, e foi escrito pelo próprio Donald Trump, com a coautoria de Tony Schwartz. Tony é um jornalista que escreveu a maior parte do conteúdo baseado em observações de entrevistas que ele teve com Trump, tendo sido surpreendentemente um best-seller em sua época.
A proposta do livro é compartilhar táticas e práticas que teriam ajudado o agora presidente Trump, a construir seu império financeiro e se tornar um dos maiores empresários do mundo naquela época, e que até hoje é um negociador bem-sucedido. Os autores afirmam que negociar vai muito além de só ganhar dinheiro: se trata de gerar valor, construir laços de confiança e conquistar respeito das pessoas.
Será que tem qualquer coisa de realmente importante nesse livro, feito nos anos 80, além de um discurso motivacional de coach? E mais importante: Trump está seguindo seus próprios conselhos durante esse segundo mandato? Vamos ver tudo isso nesse vídeo, então fique até o final...
O primeiro dos ensinamentos é "Pense grande", com Trump afirmando que tudo começa com uma visão audaciosa. Pensar grande significa estabelecer metas ambiciosas que inspirem você e as pessoas ao seu redor a irem atrás desses objetivos. Em vez de mirar baixo e se acomodar na mediocridade, metas ousadas exigem naturalmente mais empenho, o que tende a gerar melhores resultados. Podemos até relacionar essa ideia à visão de minarquistas e libertários na política, já que, para muitos, são necessárias medidas radicais para se alcançar mudanças moderadas na sociedade, já que a mentalidade socialista ainda é dominante. Talvez se o famoso libertário argentino, Javier Milei, não acreditasse no potencial de suas ideias e no poder do marketing nas redes sociais, ele jamais se tornaria o presidente da Argentina. Então, essa mudança de mentalidade para romper barreiras limitantes e pensar grande é de importância inegável, mesmo na política. E claro, nesse quesito o Trump acertou e dá para ver que ele colocou essa mentalidade em prática, já que esta é a segunda vez que ele está sendo o presidente do governo mais poderoso do mundo.
Em toda a campanha de Trump, o slogan sempre foi o "Make America Great Again", prometendo grandes reformas, grandes cortes de gastos do governo federal e até promessas indiretas de expansionismo territorial na Groenlândia e no canal do Panamá. Trump, sem medo, colocou as cartas na mesa e ameaçou tomar territórios que ele considera estratégicos. Essa meta do presidente republicano se mostrou muito ambiciosa, mostrando aos americanos que ele não está para brincadeira e pretende impor um novo projeto de poder geopolítico dos Estados Unidos, e explorar o potencial do governo americano que Biden estava ignorando.
Mas a verdade é que o mesmo pode ser dito sobre um monte de ditadores em toda a história, com suas metas gigantescas e absurdas, como Napoleão em criar uma hegemonia francesa na Europa. Não podemos esquecer do ditador austríaco, o pintor frustrado do Terceiro Reich, em tentar colonizar todo o leste europeu com povos germânicos, e até o Putin nos tempos modernos, tentando restaurar a zona de influência do antigo Império Soviético.
A segunda parte de seus ensinamentos é "Proteja o lado negativo". Isso significa que você deve se preparar para o pior cenário possível, tendo um plano de contingência para proteger você de eventuais prejuízos e garantir segurança para focar no lado positivo. Isso é uma responsabilidade básica, mas demonstra que você é um estrategista e fortalece sua imagem de confiabilidade. Em resumo: Sempre saiba o que pode dar errado e tenha um plano para lidar com isso antes de começar. Ou seja, sempre que você for entrar em um negócio, analise os piores cenários possíveis e se prepare para problemas e até para o fracasso - tenha uma rota de fuga.
Qual teria sido a proteção do "lado negativo" de Trump no caso das tarifas com a China e a União Europeia? Dobrar a aposta, aumentando as tarifas a níveis absurdos até, por fim, desistir e voltar atrás? O livro afirma que quem se prepara bem negocia com mais clareza e autoridade, atraindo parceiros que buscam estabilidade — o que, até o momento, tem ocorrido de forma oposta na prática. A estratégia de guerra tarifária de Trump tem aumentado a incerteza nas negociações com empresários e com o próprio governo americano, já que acordos podem ser desfeitos caso deixem de ser considerados vantajosos.
O mercado não sabe como tudo isso vai terminar, o que gera muita instabilidade. E ainda não está claro se Trump realmente tem uma carta na manga, pois, até agora, ele vem apostando apenas em ideias protecionistas ultrapassadas — como se o povo americano pudesse simplesmente abrir mão da mão de obra estrangeira. Trump pode até entender de negócios, mas é fundamental que também compreenda economia política para saber onde está pisando e até que ponto suas ideias são realmente viáveis.
A terceira lição é "Maximize as opções", quanto mais alternativas você tiver, mais forte será sua posição em uma negociação. Trump recomenda sempre possuir um plano B, C ou até D. Assim, você não precisará ficar preso em só uma saída e ser obrigado a aceitar maus resultados por falta de outras vias. Murray Rothbard, o pai do anarcocapitalismo moderno e famoso economista americano, já argumentava que isso deveria ser feito pelos próprios libertários para obter sucesso. Ou seja, não devemos focar apenas em uma maneira de espalhar as ideias de liberdade, mas sim tentar usar de todas as cartas disponíveis para jogar o jogo político, incluindo se candidatar a altos cargos, como Milei atualmente fez na Argentina. A esquerda não pode tomar todos os espaços e controlar de vez a sociedade, e não podemos ter apenas o plano A - a guerra pela liberdade e pela verdade está acontecendo em todos os campos. Seria de grande ingenuidade ficar apenas dando palestras e escrevendo livros e artigos, achando que focar apenas no campo teórica irá mudar o mundo, ou mesmo influenciar o cidadão comum. Temos que pegar exemplos de quem foi lá e fez a coisa acontecer, e que hoje está em posições de poder defendendo a liberdade humana e combatendo a esquerda política.
O quarto ensinamento é "Conheça o mercado", que seria entender o cenário no qual você está atuando, estudar a concorrência, as tendências, demandas e até regulamentações. Podemos criticar o presidente Trump em diversos pontos, mas ele de fato seguiu esse conselho e conseguiu manobrar dentro do jogo eleitoral americano, conseguindo apoio quase unanime dentro do partido republicano logo após as primárias. É bom lembrar que até de libertários e liberais clássicos, Donald Trump ganhou apoio para combater os progressistas e suas agendas distópicas e totalitárias. A política econômica agressiva de Trump tem sido extremamente impopular, mas mesmo assim, nenhuma oposição dos democratas ganhou força significativa e o republicano se tornou uma voz hegemônica dentro da direita conservadora nos EUA.
O quinto tópico seria sobre "Usar a criatividade", mas não é do tipo que os assessores do Moraes usam aqui no Brasil. O livro propõe que ideias originais possam resolver impasses e transformar negociações difíceis em novas oportunidades. Se você for pegar exemplos históricos, muitas vezes alguma nação só surgiu porque duas potências maiores negociaram e concordaram em permitir a criação de um novo país para servir de zona tampão entre os dois, estabelecendo alguma paz. Aconteceu isso com o Uruguai na disputa entre Brasil e Argentina, aconteceu isso com a maioria das nações no sul dos Bálcãs com as campanhas russas e o declínio Otomano.
A próxima lição é "Domine a arte de ouvir", que, segundo o atual presidente americano, é uma das habilidades mais subestimadas em um bom negociador. Isso porque muitos falam demais e escutam pouco o que as pessoas realmente querem dizer. Às vezes, ao ouvir atentamente, é possível perceber coisas no tom de voz ou em pequenos detalhes que, de outra forma, passariam despercebidos - portanto, não se esqueça dessa dica quando for vender seu peixe. Claro que para vencer a eleição presidencial, Trump precisou de ouvir muito bem as principais queixas do povo americano, e com certeza isso fez ele declarar publicamente que só existem dois sexos: masculino e feminino. A partir de então, Trump vem combatendo a aberração da ideologia woke e das políticas de gênero, pois a maior parte do eleitorado feminino tinha essa demanda, além de qualquer pessoa com um mínimo de sanidade e bom senso. As mulheres se sentem inseguras e desprotegidas quando homens entram em banheiros femininos ou praticam esportes femininos. Trump sentiu essa demanda e logo capturou esse eleitorado para conseguir, por fim, vencer com uma boa margem de votos. Cabe lembrar que Trump negociou até mesmo com libertários que defenderam a liberdade de Ross Ulbricht e a pauta do armamento. E o problema do desemprego e do aumento do custo de vida foi algo que o republicano fez questão de levar em consideração na sua campanha eleitoral, mostrando que o custo de vida só piorou sob a gestão de Joe Biden.
A sétima e última lição é uma bem simples: "Mantenha o foco". Em qualquer negociação, é fácil se distrair com detalhes e perder de vista o objetivo inicial. Trump defende no livro que manter o foco é essencial para agir com disciplina, paciência e determinação, pois negociadores focados passam uma imagem de seriedade e comprometimento, o que aumenta a credibilidade deles. Claro que sem foco, seria impossível Trump construir seu império bilionário de negócios em várias cidades americanas, sendo, com certeza, um dos empresários mais bem-sucedidos dos Estados Unidos.
Essa lição também vale para nós libertários, pois embora a redução do estado sob um governo como o de Javier Milei, seja algo positivo, o objetivo final ainda é o fim do estado coercitivo que nós temos hoje. Parar no meio do caminho em um "estado mais enxuto e eficiente” apenas vai permitir com que o parasita cresça mais tarde, tal aconteceu com o governo dos Estados Unidos, que começou quase como uma confederação entre as colônias rebeldes, e hoje tem uma dívida pública de trilhões e inúmeras instituições com milahres de funcionários públicos. Claro, você pode estar pensando: “mas não tem como acabar com a existência do aparato estatal agora”. De fato não tem como fazer isso no curto prazo, mas precisamos ter foco pensando no longo prazo, pois com as tecnologias disruptivas do Bitcoin e da internet, o jogo está virando e podemos mudar a opinião pública. Vai chegar num momento, num futuro breve, em que ninguém mais vai levar as moedas estatais a sério e todo mundo só vai querer usar Bitcoin, ou algum ativo lastreado no Bitcoin. As pessoas irão ignorar as leis e os mecanismos que o governo usa para nos controlar, e irão adotar cada vez mais alterativas e tecnologias descentralizadas, até porque, o governo tende sempre a ser ineficiente e corrupto, e as pessoas estão se cansando disso.
O Livro, no fim, tem lições úteis, mas extremamente simples e que você pode ver sendo replicadas em qualquer livro de autoajuda moderno escrito por algum Coach, tentando viralizar na internet igual o Pablo Marçal. Imagino que em uma versão da obra reescrita para a atual visão de Trump, ele poderia incluir uma oitava lição: "Faça concessões ao inimigo e seja feito de trouxa no final"... Pois é isso que ele tem feito até o momento em relação a governos rivais, e a sua ideia inicial de tarifar a todos.

Referências:

https://www.amazon.com.br/Arte-Negociação-Donald-J-Trump/dp/856801447X