Assembleia da ONU: Delegações se levantam em protesto durante discurso de Netanyahu

Antes de você aplaudir o embaixador de costas, saiba: cada segundo de indignação na ONU custa o equivalente a 15 pães e quem paga a conta é o seu CPF.

Há duas imagens que circularam ontem mais rápido que notícia em WhatsApp de tio no dia de eleição: a primeira, de Netanyahu falando na Assembleia-Geral da ONU; a segunda, de dezenas de delegações em pé, viradas de costas, embaladas por aplausos. O gesto foi lido como “brava resistência”, “repúdio moral” ou, nas palavras de um embaixador europeu, “recusa ao genocídio”. Bonito, mas vamos desmontar a maçaneta dessa porta com a chave de fenda de Mises: o que exatamente mudou no mundo depois que a cadeira Namíbia bateu na mesa?

Spoiler: zero. O preço do trigo seguiu subindo, o dólar não caiu, nenhum palestino ganhou casa nova e nenhum israelense se desarmou. A única coisa que realmente se moveu foi a cortina de fumaça que esconde o velho truque de sempre – políticos aplaudindo políticos para que a gente não perceba que o problema não é quem fala, mas o microfone que eles todos querem controlar.

O espetáculo do “nós x eles” na versão ONU. A ONU foi criada, teoricamente, para evitar conflitos. Na prática, funciona como um clube de condomínio onde o síndico tem bomba atômica. O artigo da CartaCapital mostra o teatro perfeito: de um lado, Netanyahu defendendo “autodefesa”; do outro, diplomatas fazendo pose de heróis. Nenhum dos lados pergunta: por que diabos estamos financiando essa briga com o nosso bolso?

Vamos aos números que o jornalismo mainstream evita como o diabo evita a bíblia: os EUA doam, só em 2024, US$ 3,8 bilhões em “ajuda” militar a Israel. A União Europeia é o maior doador da Autoridade Palestina, cerca de € 1,2 bi/ano. O Brasil, que tem 40 milhões de pobres, emprestou US$ 190 milhões para projetos na Cisjordânia via BNDES entre 2015 e 2022.

Traduzindo: enquanto você paga 60 % de imposto sobre cerveja, o Tesouro brasileiro financia estradas em território disputado no Oriente Médio. Se isso não é esquizofrenia orçamentária, eu sou o Papa.

O “erro” libertário que quase nenhum libertário comete… mas a mídia insiste em atribuir. “Ah, mas vocês querem deixar o mercado resolver até as guerras?” – dizem os críticos. Erro crasso. Libertarianismo não é ausência de lei, é ausência de monopólio da lei. O que propomos é simples: se ninguém pode te obrigar a bancar a escola dos filhos dos outros, por que pode te obrigar a bancar o míssil dos outros?

Rothbard explicava em The Ethics of Liberty: “O estado não é um provedor de segurança; é um provedor de conflito, porque seu lucro vem da tensão, não da paz.” Aplaudir ou vaiar Netanyahu é parte do business model: quanto mais ódio, mais orçamento. Quanto mais orçamento, mais cargos para os filhos dos diplomatas. Repare que nenhum dos que levantou da cadeira pediu o fim da ONU – pediu apenas rotatividade na cadeira do chefão. É como trocar o diretor da Petrobrás e manter o monopólio: a conta continua chegando pra você.

Mas o fim da ONU seria a solução que ninguém lucra e por isso não é debatida. Imaginemos um mundo onde a regra de ouro fosse literalmente de ouro: cada shekel ou dinar investido em defesa fosse subscrito voluntariamente. Quer apoiar Israel? Compre título de 10 anos, juros 5 %. Quer ajudar a Palestina? Adquira “bonds” da reconstrução. Quer nada com isso? Fique com o seu dinheiro e compre pão para o seu filho.

Num esquema assim, três coisas acontecem: Primeiro o conflito encolhe – é caro demais sustentar exércitos sem o contribuinte cativo. Em segundo lugar, a diplomacia vira vendedora de projetos, não de slogans. E em terceiro o preço da guerra aparece no extrato bancário – e, pasmem, as pessoas começam a preferir conviver em paz.

Hayek já alertava: Quando o custo de uma decisão é socializado, a irracionalidade torna-se racional. Ou seja, se a conta é rateada, por que negociar? Melhor bancar a guerra eterna e ganhar likes, ou aplausos.

O que a esquerda e a direita políticas têm em comum – e ninguém admite – é que ambos desejam usar o dinheiro retirado a força da população, pra financiar o lado ideologicamente alinhado com o seu em uma guerra.

O libertário vê isso e pergunta: quem disse que solidariedade precisa de intermediário? Se você, telespectador, quer ajudar um israelense ou um palestino, existem dezenas de ONGs privadas, sérias, transparentes, com auditoria blockchain. O problema é que nenhuma delas dá vaga de emprego com salário de seis dígitos em Genebra. Então você percebe a preferência pelo teatro.

A matéria da Carta Capital, sem querer, entrega o espólio: mostra que a ONU é um parlamento de cartão-postal. Netanyahu fala, gente se levanta, câmera registra, jornal publica, Twitter explode. No dia seguinte, tudo igual. O acerto está em expor a inutilidade do gesto – o que, ironicamente, reforça nosso ponto: se a instituição só serve para aplauso de cena, por que mantê-la com dinheiro público?
O que você, libertário, pode fazer hoje? Corte a fonte: pressione seu deputado a retirar o Brasil do financiamento da ONU. Sim, é possível: a Suíça só entrou em 2002, a Costa Rica saiu por um período. Países soberanos desligam o fluxo. 

Desmonetize o drama: pare de compartilhar vídeo de embaixador chorando. Cada view converte-se em verba publicitária para a emissora, que depois cobra mais pela propaganda estatal. 

Pratique a caridade real: se seu coração dói por crianças em Gaza ou em Sderot, doe em cripto para organizações sem fins lucrativos que publicam nota fiscal. Menos intermediários, mais resultados. 

Estude e divulgue: compre A Paz Libertária de Murray Rothbard (versão em PDF rola de graça por aí) e presenteie um amigo que ainda acha que xingar Netanyahu no Twitter é ativismo.

Como tirar o poder da cadeira? A próxima vez que você ver diplomatas de pé, imagine-os segurando a conta de luz da ONU no seu nome. Depois pergunte: se eu tivesse o botão “não renovar”, apertaria?

Lembre-se: cada minuto de Assembleia-Geral custa, em média, US$ 23 mil. Isso inclui tradução simultânea, café, segurança, bandeirinha, estacionamento pro motorista do embaixador e o wi-fi que você nunca consegue logar. A sessão de ontem teve 22 minutos de discursos-vitrine. Faça as contas: só para ouvir Netanyahu e aplaudi-lo de costas, o contribuinte global financiou US$ 506 mil. Com esse dinheiro dava para comprar 27 toneladas de farinha de trigo – ou seja, pão para 180 mil refeições em qualquer acampamento de refugiados. Mas pão não rende selfie; aplauso rende.

“Ah, mas se não pagarmos, perderemos influência.” Influência para quê? O Brasil já foi membro não-permanente do Conselho de Segurança 11 vezes. Conseguiu algum veto que beneficiasse o produtor rural gaúcho? Conseguiu abrir mercado para o açúcar de Alagoas? Nada. Conseguiu, sim, 38 vagas de funcionários brasileiros na secretaria-geral – salário médio US$ 190 mil/ano, isentos de imposto de renda. Influência, no jargão da burocracia, é sinônimo de “emprego para compadre”. Admitamos logo que é um programa de transferência de renda para classe média globalizada – só isso.

O que você acha que Mises diria se estivesse no plenário? Provavelmente levantaria e anunciaria: “Ladies and gentlemen, a entidade que vive de conflitos jamais terá incentivo para acabar com eles. Portanto, deixo-lhes um cheque em branco: preencham com o valor que quiserem, desde que assinem na frente de seus próprios eleitores.” Depois sairia e pediria um cappuccino – pago com o próprio dinheiro, obviamente. A frase que melhor resume é a do livro Ação Humana: “Quem paga o custo é quem percebe o custo; quem não percebe, nunca pagará de bom grado.” Traduzindo: enquanto o custo for escondido na linha “despesa externa”, o teatro continua.

Nossa responsabilidade, além de espalhar essa mensagem, é evitar ao máximo, apoio, mídia e qualquer tipo de ação que possa beneficiar e ajudar esses engravatados, que amam mamar nas tetas do estado, que no fim das contas, são as minhas, as suas, as nossas tetas.

Referências:

https://www.cartacapital.com.br/mundo/assembleia-da-onu-delegacoes-se-levantam-em-protesto-durante-discurso-de-netanyahu/?utm_source=terra_capa_noticias&utm_medium=referral