O Estado de Bem-Estar e a Crise Migratória na Europa

Protestos no Reino Unido revelam o descontentamento com um sistema que força cidadãos a pagarem por políticas migratórias insustentáveis. Por que a mídia insiste em chamar isso de "ódio" em vez de questionar o verdadeiro problema?

Quando os protestos anti-imigração explodiram pelo Reino Unido no verão de 2025, a primeira coisa que você ouvia nos noticiários era sempre a mesma ladainha: "extrema-direita", "xenofobia", "supremacismo branco". Manifestações que começaram em agosto em cidades como Londres, Newcastle, Essex, Liverpool e Bolton — protestos contra hotéis financiados pelo governo para abrigar imigrantes ilegais — foram imediatamente enquadrados pela mídia mainstream como atos de intolerância pura.

Mas ninguém perguntou o óbvio: por que diabos os pagadores de impostos britânicos deveriam ser obrigatoriamente forçados a bancar hotéis confortáveis para pessoas que entraram ilegalmente no país? Por que cidadãos que mal conseguem pagar suas próprias moradias têm que sustentar acomodações de luxo para quem desrespeitou as leis de imigração?

Essas perguntas básicas, que qualquer pessoa sensata faria, foram deliberadamente ignoradas. Em vez disso, a máquina de propaganda ativou seu protocolo padrão: transformar preocupações legítimas em "discurso de ódio" e criminalizar intelectualmente qualquer questionamento sobre os custos reais da imigração descontrolada.

A desonestidade chega a níveis grotescos. Os mesmos veículos que chamaram os protestos britânicos de "extremismo de direita" trataram os incêndios promovidos pelo Black Lives Matter em 2020 como "protestos pacíficos". Os mesmos jornalistas que condenam manifestações contra imigrantes ilegais aplaudem "revoltas sociais legítimas" quando são africanos queimando carros em Paris ou Estocolmo.

É uma operação coordenada para deslegitimar qualquer resistência ao projeto globalista. O eixo político sabe que suas políticas migratórias são profundamente impopulares — por isso precisa criminalizar e silenciar a oposição através de terrorismo psicológico e manipulação semântica.

A estratégia é diabólica na sua simplicidade: rotule qualquer crítica à imigração massiva como "supremacismo branco", crie um clima de medo entre quem ousa discordar, e marginalize intelectualmente todos que questionam o dogma multiculturalista. É exatamente o que Hans-Hermann Hoppe identificou em "Democracia: O Deus que Falhou" como uma das características mais perversas dos regimes democráticos modernos: a capacidade de manufaturar consensos artificiais através da manipulação da opinião pública.

Hoppe foi profético ao analisar essa questão sob a ótica libertária. Ele percebeu que quando você tem propriedade privada absoluta, cada proprietário decide quem pode ou não entrar em sua terra. Não por xenofobia, mas por direito básico de propriedade. Em uma sociedade livre, não existiriam "espaços públicos" para serem invadidos, nem recursos estatais para serem saqueados por quem chega de fora.

O problema da imigração irregular não é cultural — é institucional. Quando o estado oferece serviços "gratuitos" (saúde, educação, moradia, assistência social) e ao mesmo tempo mantém fronteiras abertas, ele cria um ímã gigantesco para parasitas econômicos. Não necessariamente os mais produtivos, mas precisamente aqueles que querem explorar o sistema assistencial.

Em "Democracia: O Deus que Falhou", Hoppe explica que as democracias modernas são inerentemente redistributivas. Elas precisam constantemente ampliar sua base de dependentes para manter a legitimidade eleitoral — e os imigrantes ilegais representam votos cativos ideais para partidos que prometem expandir programas sociais.

É uma aliança sórdida entre globalistas econômicos (que querem mão de obra barata), esquerdistas ideológicos (que querem votos garantidos) e burocratas estatais (que querem ampliar poder e orçamentos). Os trabalhadores nativos sempre se ferram: veem seus salários achatados pela entrada de mão de obra barata e impostos aumentados para bancar a integração forçada de massas migratórias.

Veja, quando dizemos que há uma concorrência desleal, não é porque imigrantes aceitam trabalhar por um salário menor. Isso é perfeitamente ético do ponto de vista libertário. O problema é que o trabalhador nativo acaba, muitas das vezes, tendo que financiar a entrada desses imigrantes e pagar muito mais imposto do que eles, o que de fato acaba gerando uma concorrência desleal. Fora que o cidadão nativo pagou por toda aquela infraestrutura do país e pelos serviços que o governo diz ser grátis, pra vir um estrangeiro e usufruir de tudo isso. Note que o problema aqui não é a imigração em si, mas sim o estado, que ao criar os chamados “bens públicos”, acaba tirando o ganho dos seus compatriotas para beneficiar um estrangeiro.

A campanha de desinformação funciona porque explora o medo do ostracismo social. A maioria das pessoas prefere engolir mentiras confortáveis a enfrentar verdades que podem resultar em perseguição profissional. O politicamente correto virou uma forma de terrorismo intelectual: quem ousa questionar a narrativa oficial é imediatamente crucificado e marginalizado.

Mas a realidade é teimosa. Os protestos que explodiram pelo Reino Unido não são "extremismo" — são o povo exercendo seu direito democrático de discordar dos governantes. Quando milhares saem às ruas para protestar contra o uso de hotéis para abrigar imigrantes ilegais, isso é democracia funcionando, não supremacismo branco.

A solução libertária é cristalina: acabe com o estado de bem-estar que atrai sanguessugas econômicas, privatize todos os espaços "públicos" e deixe que os proprietários decidam quem entra em suas terras. Em um sistema de propriedade privada absoluta, a imigração seria naturalmente seletiva — atrairia apenas quem pode contribuir, não quem quer parasitar recursos alheios.

O governo sabe que suas políticas são insustentáveis. Por isso investe pesado em propaganda e lavagem cerebral. A própria mídia afirma que a "desinformação nas redes sociais aumentou tensões" — mas nunca questiona se essa "desinformação" não é, na verdade, fatos inconvenientes que contradizem a narrativa oficial.

Quando os dados da realidade contradizem a ideologia progressista, os dados é que estão errados. Quando as consequências negativas do multiculturalismo se tornam inegáveis, a culpa é da "extrema-direita" que "espalha ódio". É uma inversão orwelliana que faria Stalin aplaudir de pé.

A campanha contra a direita não é um bug do sistema — é o próprio sistema funcionando. É uma operação deliberada para manter intocável um modelo que beneficia exclusivamente as elites globalistas, enquanto joga todos os custos nas costas das populações nativas.

O que mais irrita nessa farsa toda é a hipocrisia descarada dos defensores da imigração massiva tal qual ela acontece hoje. São sempre os mesmos: jornalistas que moram em bairros nobres, políticos com seguranças armados, artistas em condomínios fechados, acadêmicos em castelos de concreto. Eles nunca enfrentam as consequências das políticas que defendem.

Não são eles que, após terem pago altos impostos para o governo financiar escolas públicas, têm que ver seus filhos disputando vagas em escolas superlotadas com crianças que mal falam a língua local. Eles não sofrerão um impacto tão significativo em sua renda quanto os trabalhadores comuns, que após pagarem pra acomodar e oferecer serviços grátis para imigrantes, ainda terão que enfrentar mais concorrência de uma mão de obra barata. Não são suas filhas que terão de voltar à tarde da escola caminhando por bairros onde a criminalidade explodiu após a imigração em massa. É fácil ser "humanitário" com o dinheiro e a segurança dos outros. É fácil pregar tolerância quando você vive blindado das consequências da sua própria pregação.

Hoppe estava certo: a democracia moderna é incompatível com a preservação da civilização ocidental. Ela se degenera inevitavelmente em tirania da maioria manipulada, saque legalizado e dissolução dos valores que construíram nossa prosperidade.

A única saída honesta é reconhecer que o problema não são os imigrantes individuais — muitos são vítimas de um sistema perverso que os incentiva a migrar ilegalmente. O problema é o próprio sistema democrático que cria incentivos distorcidos e depois usa força estatal para silenciar quem aponta as contradições.

As marchas que tomaram Londres em setembro de 2025 por "liberdade de expressão" e "contra imigrantes" não são protestos isolados. São sintomas de uma crise civilizacional: o conflito entre cidadãos que não acham pagar altos impostos pra dar bem estar a estrangeiros, e uma elite que quer usar o dinheiro dos outros pra levar sua agenda adiante.

A verdadeira desinformação não vem da direita. Vem de um regime que promete integração enquanto promove balcanização, fala em diversidade enquanto impõe uniformidade ideológica, defende tolerância enquanto persegue dissidentes.

Enquanto continuarmos fingindo que questões migratórias são tabus intocáveis, que estatísticas criminais são "supremacismo branco" e que preocupar-se com sustentabilidade fiscal é "xenofobia", mais protestos como os do Reino Unido irão eclodir.

Porque, ao contrário do que a mídia quer nos convencer, a realidade não é uma construção social. E ela sempre cobra seu preço da forma mais brutal possível.

A escolha é simples: enfrentamos a verdade desconfortável sobre os limites da imigração massiva patrocinada pelo dinheiro dos nativos, ou continuamos financiando nossa própria substituição demográfica enquanto chamamos isso de "progresso".

A Alemanha admite que não consegue mais sustentar seu estado social. Os britânicos saem às ruas contra hotéis para imigrantes ilegais. Esses não são eventos isolados — são sintomas da mesma doença: um sistema político que perdeu completamente o contato com a realidade.

E quando você perde o contato com a realidade, a realidade vem te encontrar. Sempre vem. E raramente é gentil no processo.

Referências:

Livro Democracia o Deus que Falhou. Capítulo VIII.
https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/deus-que-falhou.pdf

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/manifestantes-protestam-contra-imigrantes-no-reino-unido/