23 bilhões por um banco de dados nacional com IA. Como diria o Peter: soberaniiia, soberaniiia, soberaniiia!
O Brasil acaba de anunciar mais um daqueles planos mirabolantes que só o governo sabe inventar. R$23 bilhões serão utilizados para desenvolver uma inteligência artificial “inclusiva, soberana, ética e centrada nas pessoas”. A ideia, apresentada pela ministra Esther Dweck, é criar um banco nacional de dados, uma “Nuvem Soberana” e até um supercomputador para abrigar um grande modelo de linguagem feito no Brasil, com o slogan de que “não vamos depender de empresas estrangeiras”. Tudo soa muito bonito. Tão bonito que parece até um comercial de margarina dos anos 1990. Faltou só uma trilha emocionante e um coro de crianças cantando “o futuro é agora”. Só que, se a gente tirar o verniz da retórica, o que sobra não é futuro, apenas mais do mesmo. É o governo, mais uma vez, achando que pode ser Elon Musk, Bill Gates e Steve Jobs ao mesmo tempo, só que com dinheiro roubado do contribuinte, um confisco em massa disfarçado de tributos para focar em “inovação”. Bilhões de reais, tirados de quem trabalha, vão financiar projetos que o mercado privado faria melhor, mais barato e sem o risco de virar um sistema de vigilância a la 1984. Afinal, quando o governo entra no jogo da tecnologia, ele não compete, apenas monopoliza, transformando inovação em burocracia, e liberdade em controle.
O anúncio foi feito na conferência Painel Telebrasil 2025, um evento só para lobistas, políticos e burocratas que se reúnem para decidir o futuro da tecnologia. O plano já estava no papel, nomeado de Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), e agora ganha tração com os R$23 bilhões prometidos. Entre as joias da coroa estão um LLM brasileiro (isso mesmo, um ChatGPT tupiniquim), um supercomputador moderno (padrão Positivo), e a Infraestrutura Nacional de Dados (IND), que, na prática, é um convite formal para o governo vasculhar tudo o que você faz online. Empresas de telecomunicação já foram obrigadas por portaria a compartilhar dados de clientes do Cadastro Único. Tudo, claro, “para qualificar políticas públicas”. Traduzindo do burocratês: para saber exatamente quem está recebendo bolsa, onde mora, com quem conversa e quantos minutos passa no TikTok. E tem mais, a “Nuvem Soberana”, terá parceria com Serpro e Dataprev, dois nomes que soam como personagens de uma tragédia burocrática, que nem mesmo os funcionários públicos gostam do serviço oferecido. Quem já tentou acessar um sistema desses sabe que é lento e feio como o Saci andando de patinete. Agora, o governo quer que a nuvem inteira da nação dependa dessas mesmas estruturas? Com todo esse dinheiro? Fazer isso é o mesmo que criar um foguete espacial e usar nele o motor de um Fusca 1976. A retórica de “soberania” e “inclusão” é só um papel de presente pra embrulhar as reais intenções. O que resta é aquele chorume que conhecemos: centralização, controle e vigilância. E, de quebra, competir com o setor privado usando dinheiro que não é dele, para ter um produto bem aquém do fornecido por empresas especializadas. A ideia de que o governo pode liderar a inovação em inteligência artificial é tão cômica quanto trágica. Inovação exige agilidade, risco e experimentação, o oposto da natureza estatal, que parece ter alergia a tudo isso. O estado prefere regras, comissões, licitações, pareceres jurídicos e reuniões que duram três horas para decidir a cor do botão “salvar”. Enquanto o mundo avança com modelos que aprendem sozinhos, o Brasil tenta criar um LLM com uma equipe de servidores públicos que ainda usa Word. Quer dizer, a depender de quem for, nem Word pode usar mais né, devido a Magnitsky. Mas, voltemos ao tema.
A centralização de dados em um banco nacional, controlado por um governo que já demonstrou fraqueza em segurança — lembra do ataque ao INSS e os vazamentos de dados da Receita Federal? — é um convite aberto para vazamentos, espionagem e uso político de informações. Hoje, os dados são “para políticas públicas”. Amanhã, podem ser “para investigar opositores”. Depois, “para verificar se está mentindo no auxílio”. A história está cheia de exemplos de projetos de alta tecnologia, comandados pelo governo, que viram elefantes brancos, consomem fortunas, entregam nada e, quando entregam, é para acabar com a privacidade e segurança de toda a nação. O PAC, o pré-sal, o trem-bala, todos prometiam o céu, mas deram dívidas, escândalos e trilhos enferrujados no meio do mato. Mas, claro, dessa vez é diferente. Dessa vez, vai dar certo. Porque agora tem “ética”. Tem “soberania”. Tem “inclusão”. Palavras mágicas que, quando colocadas juntas, transformam qualquer gasto bilionário em ato de heroísmo nacional. Só que, na prática, esses termos são usados como cortinas de fumaça. “Ético” quer dizer “controlado por nós”. “Soberano” quer dizer “sem concorrência”. “Inclusivo” quer dizer “obrigatório para todos”. E “centrado nas pessoas”? Bem, isso é só para deixar bonito no PowerPoint, e com certeza foi sugestão do ChatGPT.
Em uma sociedade de leis privadas, a inteligência artificial não seria um projeto estatal, mas um campo livre de inovação. Ninguém precisaria de R$23 bilhões arrancados de impostos para desenvolver um modelo de linguagem. Empresas competiriam para oferecer os melhores serviços, com preços justos, segurança real e transparência. A “Nuvem Soberana” também não faria sentido, afinal, em um mundo livre, a nuvem já é soberana, já que pertence a quem paga por ela. Você escolhe onde guardar seus dados, com quem compartilha, com que nível de criptografia. Ninguém te obriga a entregar suas informações para um banco de dados centralizado. Se uma empresa quiser usar seus dados, precisa de seu consentimento. E se trapacear, você processa. Simples, eficiente, justo e sem burocracia. Sem promessas vazias. Além disso, a ideia de que o estado precisa “desenvolver tecnologia nacional” é um absurdo. Tecnologia não tem nacionalidade, o que importa é se funciona e se resolve problemas. O Brasil não precisa de um ChatGPT brasileiro, mas de liberdade para usar qualquer IA que funcione, seja feita em São Paulo, em São Francisco ou em Singapura. Quando o governo insiste em criar monopólios com dinheiro público, ele não protege a soberania, apenas mata a concorrência. E quem perde é o cidadão, que fica preso a um sistema lento, caro e inseguro.
Friedrich Hayek já alertava que centralizar o poder, mesmo com boas intenções, leva à servidão. E a IA estatal é o caminho mais rápido para isso, pois, no fundo, não se trata de inovação, apenas de controle. Acho que isso está bem explícito, já que falamos sobre umas três vezes até o momento. A promessa de “qualificar políticas públicas” é só o começo de uma jornada que leva a vigilância, a punição e a coerção. Em um mundo onde as pessoas são livres teríamos um cenário no qual não há órgão central ditando o que é “ético” ou “soberano”, onde não há ministério definindo qual modelo de IA pode ou não ser usado, ou se devemos ter uma “nuvem soberana” financiada com impostos. Em vez disso, há diversidade para escolhermos. Você pode usar uma IA que prioriza privacidade, outra que é mais rápida, outra que é mais barata, ou todas ao mesmo tempo, para fins diferentes. Se uma empresa vazar seus dados, você muda de fornecedor. E ela, se repetir o erro, some do mercado. A reputação é tudo. A confiança é conquistada com esforço.
Enfim, o plano de R$23 bilhões em IA estatal não é um projeto de futuro. É um monumento à arrogância estatal. É a crença de que, com dinheiro suficiente, o governo pode fazer melhor do que milhões de pessoas livres decidindo por si mesmas. A fé cega no planejamento central é gritante, mesmo quando a história urge mostrando que ele sempre fracassa. A verdadeira inovação não vem de Brasília, mas do quintal de um programador, do notebook de uma startup, do sonho de quem quer resolver problemas reais. Porque tecnologia de verdade não é aquela que o estado anuncia com pompa. É aquela que o povo escolhe, usa e ama, sem precisar pedir por permissão.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/inovacao/audio/2025-09/governo-deve-investir-r-23-bi-em-ia-focada-na-soberania-e-nas-pessoas
https://www.tecmundo.com.br/internet/406767-brasil-vai-investir-r-23-bilhoes-em-politicas-de-ia-e-criar-banco-nacional-de-dados.htm
https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202509/ministra-esther-dweck-afirma-que-o-brasil-investira-r-23-bilhoes-em-inteligencia-artificial