Dubai, o paraíso dos MILIONÁRIOS

O Dubai seduz um número recorde de milionários, atraídos pela ausência de impostos sobre os rendimentos e a oportunidade de um estilo de vida luxuoso e relaxado.

Dubai, a joia reluzente dos Emirados Árabes Unidos, tornou-se um símbolo moderno do sucesso da diminuição de impostos. Em um mundo cada vez mais sufocado por burocracias estatais, impostos confiscatórios e políticas intervencionistas, Dubai emerge como um oásis de liberdade econômica, atraindo uma elite global de empreendedores, investidores e milionários que buscam não apenas prosperidade, mas também respeito à autonomia individual e à livre iniciativa. A cidade não apenas seduz com seu luxo e arquitetura futurista, mas também com uma política deliberada de abertura ao capital estrangeiro, à renovação e à mobilidade humana. É um experimento vivo de como o livre mercado, quando respeitado e incentivado, pode transformar uma região desértica em um dos centros financeiros mais vibrantes do planeta.

Mas antes de falar sobre a grande atração de Dubai, quero contextualizar de forma breve sobre o sistema de governo dos Emirados Árabes Unidos. Este país possui sete estados, que na realidade são chamados de "emirades". Cada emirade tem um chefe, cujo nome é emir. Estes possuem poder absoluto sobre sua região. Um não intervém no emirade do outro. Sendo assim, cada emir tem total autonomia no seu espaço de governo. Portanto, Emirados Árabes é, a grosso modo, uma nação com 7 monarcas absolutistas. O que é um tipo de governo naturalmente centralizador.

Os sete emirades são conectados pelo Conselho Supremo Federal. Este conselho possui poderes executivos e legislativos. No caso do poder executivo, o presidente normalmente é o emir de Abu Dhabi, e o vice-presidente é o emir de Dubai. O vice também exerce o ofício de Primeiro Ministro. No caso do poder legislativo, existe o Conselho Nacional Federal. Ele é composto por 40 membros que, na realidade, não fazem leis de fato, porém, possuem um caráter consultivo. Metade do parlamento é eleita pelo voto popular; e a outra metade é eleita pelos chefes dos emirades.

Mas por que esta informação é importante? Para mostrar que, devido a autonomia de cada estado, Dubai se destaca como o mais próspero dentre todos, por justamente aplicar princípios de liberdade financeira e até comportamental. Enquanto outros emirades possuem uma característica mais conservadora e restrita, de acordo com as tradições islâmicas, como por exemplo, proibição de venda e consumo de bebidas alcóolicas e vestimentas femininas mais curtas, em Dubai, tais proibições são amenizadas de uma forma significativa. A sensação que se tem é que Dubai está longe da cultura religiosa do restante dos Emirados Árabes Unidos e se tornou um paraíso aos olhos de muitos estrangeiros.

O que torna Dubai tão magnético para os milionários do mundo não é apenas o brilho de seus arranha-céus ou a opulência de suas ilhas artificiais. É a ausência de impostos sobre a renda, a facilidade de fazer negócios, a estabilidade política e a segurança jurídica, que fazem da cidade um verdadeiro paraíso para quem valoriza a liberdade econômica. Segundo a consultoria Henly & Parthers, os Emirados Árabes Unidos devem atrair um número de 9.800 milionários em um único ano, superando qualquer outra nação do mundo. Isso não é coincidência, mas resultado direto de uma estratégia econômica que rejeita o estatismo e abraça os princípios do livre mercado.

Em Dubai, a riqueza não é demonizada. Ao contrário de países ocidentais onde o sucesso financeiro é frequentemente tratado com suspeita, onde os ricos são alvo de retórica populista e políticas punitivas, Dubai normaliza a prosperidade. Mike Coady, diretor da Skybound Wealth Management, observa que em Londres os clientes "sussurram" ao mencionar seus rendimentos, enquanto em Dubai podem falar em alto e bom som sobre seus investimentos, lucros e negócios. Essa diferença cultural reflete uma filosofia política mais profunda: o respeito à propriedade privada, e a valorização da meritocracia.

A cidade oferece um estilo de vida superior não apenas pela ausência de impostos, mas também pela eficiência administrativa. Philippe Amarante, também da Henly & Partners, destaca que é possível fazer negócios com "poucos trâmites administrativos". Isso significa menos burocracia, menos tempo perdido com regulações inúteis e mais espaço para a criatividade e a produtividade. Dubai também implementou o chamado "visto dourado", que concede residência de 10 anos a estrangeiros ricos ou altamente qualificados. Essa política é uma demonstração clara de como a liberdade de movimento e a valorização do mérito podem ser instrumentos poderosos de desenvolvimento. Ao invés de erguer barreiras, o país constrói pontes para talentos e capitais globais.

Apesar de Dubai fazer parte de um governo monarquista absoluto, a sua abertura para liberdade pode ser enxergada como um tipo de inspiração para os libertários. Quando indivíduos são livres para empreender, investir e negociar, sem interferência estatal, a sociedade como um todo se beneficia. Dubai é a prova viva dessa tese. A cidade já abriga mais de 81.200 milionários e 20 bilionários, tornando-se uma das 20 mais ricas do mundo. E não são apenas os super-ricos que se beneficiam. A presença de capital e inovação gera empregos, estimula o crescimento urbano e transforma a paisagem econômica da região. A cidade vive um frenesi imobiliário, com vendas que superam Nova York e Londres juntas. Foram 435 residências vendidas por mais de 10 milhões de dólares em um único ano. Isso demonstra que o mercado responde positivamente quando é livre para operar sem amarras.

É importante destacar que muitos desses milionários estão fugindo de seus países de origem, não por falta de patriotismo, mas por excesso de intervenção estatal. Um britânico de 42 anos, proprietário de uma empresa de software, decidiu mudar-se para Dubai por medo do imposto sobre ganhos de capital ao vender seu negócio. Esse tipo de migração revela uma verdade incômoda: quando o estado se torna um obstáculo ao sucesso, os indivíduos buscam alternativas. E Dubai, com sua política de portas abertas, tornou-se essa alternativa. O Reino Unido, por exemplo, pode perder 16.500 milionários em um ano. Isso não é apenas uma estatística: é um alerta sobre os efeitos nocivos do estatismo.

Esta joia no deserto da Arábia revela que o libertarianismo não é uma utopia, mas uma filosofia prática que reconhece a natureza humana como criativa, empreendedora e autônoma. Ele rejeita a ideia de que o estado deve ser o protagonista da economia. Dubai, embora não seja um modelo perfeito em todas as áreas, aplica esses princípios com notável eficácia no campo econômico. A cidade demonstra que é possível crescer, inovar e prosperar sem depender de subsídios, regulamentações excessivas ou redistributivas.

A ausência de imposto de renda é um dos pilares desse modelo. Ao não confiscar os frutos do trabalho e do investimento, Dubai envia uma mensagem clara: aqui, sua liberdade é respeitada. Essa política não apenas atrai capital, mas também estimula a produtividade. Quando os indivíduos sabem que poderão usufruir integralmente dos resultados de seus esforços, trabalham mais, inovam mais e investem mais. É o ciclo virtuoso da liberdade, que transforma a sociedade e eleva os padrões de vida.

A política de vistos também reflete essa filosofia. Ao oferecer residência de longo prazo para estrangeiros qualificados, Dubai reconhece que o talento não tem fronteiras. O libertarianismo sempre defendeu a liberdade de movimento como um direito fundamental. Quando os indivíduos podem escolher onde viver, trabalhar e investir, o mundo se torna mais dinâmico, mais justo e mais próspero. E Dubai, ao abrir suas portas, torna-se um exemplo de como a mobilidade humana pode ser uma força transformadora.

Em um mundo onde o discurso político muitas vezes se volta contra os ricos, contra os empreendedores e contra o mercado, Dubai oferece uma narrativa alternativa. Uma narrativa de liberdade, de respeito à propriedade, de valorização do mérito e de celebração do sucesso. É uma cidade que não apenas acolhe os milionários, mas que os reconhece como agentes de transformação.

Dubai não é perfeita mas é inspiradora. É uma demonstração concreta de que o libertarianismo não é apenas uma teoria acadêmica, mas uma força prática capaz de transformar realidades. Ao aplicar os princípios do livre mercado, ao respeitar a liberdade dos indivíduos e ao rejeitar o intervencionismo estatal, a cidade construiu um modelo de desenvolvimento que desafia os paradigmas tradicionais. E ao atrair os milionários do mundo, mostra que a liberdade é não apenas desejável, mas também irresistível.

Referências:

https://www.jn.pt/mundo/artigo/menos-impostos-e-mais-luxo-milionarios-de-todo-o-mundo-migram-para-o-dubai/17859928